Você já sentiu que existem dias em que o tempo parece escorrer pelos nossos dedos? Outros em que ele simplesmente para? E há ainda aqueles em que parece se expandir — conseguimos produzir muito, fazer muitas coisas e aproveitar o tempo ao máximo. A verdade é que cada uma de nós experiencia o tempo de maneira diferente e única. O tempo é relativo e responde ao nosso estado de presença. Hoje sabemos, cientificamente, que nossos telômeros — as pontas protetoras do DNA — são profundamente influenciados pelos nossos hábitos, que determinarão quantas vezes nossas células poderão se regenerar e se reproduzir mantendo a sua integridade. Assim, o estilo de vida que levamos não é só um detalhe: é o nosso destino biológico.
Durante décadas acreditamos que envelhecer era uma linha reta e inevitável. Mas a ciência moderna virou essa chave ao descobrir que escolhas cotidianas — como o sono, a alimentação, o gerenciamento do estresse, o movimento e o nosso modo de vida — podem literalmente acelerar ou desacelerar o envelhecimento celular. Não se trata de viver mais, mas de viver melhor, com vitalidade, clareza e estabilidade emocional.

A menopausa como iniciação: corpo ativo, responsivo e capaz de produzir vitalidade após a fertilidade (Foto: Envato)
E aqui entra um ponto essencial para todas as mulheres: a menopausa. Quando os ovários diminuem sua produção de hormônios, não significa que o corpo perde vitalidade; significa que ele ativa uma nova inteligência. Nossos órgãos, como o fígado, a pele, os músculos e até o tecido adiposo, possuem receptores e capacidade de produzir pequenas quantidades de hormônios — o que chamamos de reserva hormonal periférica. Ou seja: mesmo após o fim da fertilidade, o corpo continua vivo, ativo e responsivo.
Mas essa reserva hormonal depende diretamente do nosso estilo de vida. Uma mulher inflamada, estressada, sem descanso profundo, sedentária ou nutrida de forma inadequada tem menor eficiência hormonal periférica. Por outro lado, uma rotina rica em movimento consciente, alimentação anti-inflamatória, vínculos afetivos saudáveis, boas noites de sono e práticas de respiração fortalece essa produção endógena e diminui os sintomas da menopausa. Nosso DNA responde a isso: os telômeros se mantêm mais longos, o envelhecimento desacelera e o corpo floresce de dentro para fora.
Enquanto a medicina moderna avança rapidamente nesse entendimento, as medicinas milenares já sabiam de tudo isso muito antes. O Ayurveda ensina que a menopausa representa a passagem para a fase da sabedoria e que a vitalidade depende do fogo digestivo e da saúde emocional. Na Medicina Chinesa, o Jing — nossa essência vital — precisa ser preservado por meio de descanso, ritmos naturais e práticas meditativas. No Taoismo, a energia feminina madura é considerada fonte de visão interna. E, no Tantra, o corpo pós-menopausa é visto como templo de consciência ampliada. Todas essas tradições afirmam: a menopausa não é encerramento, é iniciação.
E essa verdade fica evidente quando olhamos para as regiões do mundo onde as pessoas vivem mais de cem anos com saúde, as chamadas Blue Zones. Lá, homens e mulheres envelhecem com alegria porque seguem princípios simples: comer alimentos saudáveis, caminhar diariamente, ter propósito de vida, viver em comunidade e honrar o corpo. A longevidade não acontece com excessos, mas com ritmos.

Práticas de presença ajudam a modular estresse, equilibrar hormônios e desacelerar o envelhecimento celular (Foto: Envato)
Foi desse encontro entre a ciência e a ancestralidade que nasceu o meu trabalho como orientadora de estilo de vida. Minha jornada vem da Biomedicina, mas se expandiu pelo Ayurveda, pelo Yoga, pela Dança e pela observação profunda do ser humano. Como guardiã do centro de retiros Ashiyana Brasil, na Chapada dos Veadeiros, acompanho há anos mulheres que chegam exaustas, inflamadas e desconectadas — e que renascem quando reencontram o ritmo natural do corpo. Também conduzo o programa online HORMONIA, que une ciência, terapias integrativas e práticas de presença para restaurar energia, regular hormônios e devolver vitalidade celular.
E é impressionante perceber como pequenas mudanças — como acordar com o sol, respirar antes de reagir, escolher alimentos de verdade, mover o corpo com prazer e cultivar silêncio — transformam profundamente a expressão genética. Mulheres me escrevem dizendo: “Tenho mais energia do que aos 30”, “meu humor mudou”, “não me sinto mais estufada”, “minha mente ficou mais clara”. Isso não é milagre. É estilo de vida com alma.
A longevidade que buscamos não está apenas em viver muitos anos, mas em viver com lucidez, potência e saúde. A palavra “saúde” tem sua etimologia no latim salus, salutis, que significa salvação, bem-estar e estado de integridade.
Por isso, deixo um convite: torne-se guardiã do seu tempo interno. Alongar seus telômeros é também alongar seus horizontes. E, quando uma mulher toma as rédeas do seu tempo, ela se torna um farol a iluminar o caminho de quem estiver por perto.


