Você já notou como o humor de uma mulher reverbera pela casa inteira e também no trabalho? Como seu riso é capaz de iluminar o ambiente, e o seu silêncio pode transformar o clima de qualquer lugar? Pois é, nós mulheres carregamos esse poder silencioso de orquestrar a energia ao nosso redor. Agora imagine quando nossos hormônios começam a mudar? Não é só a gente que sente: é o corpo, é a família, são os amores, é o mundo que nos cerca.
Durante a menopausa, não é apenas a mulher que sofre com noites mal dormidas, calorões, mudanças de humor ou a famosa névoa mental. Sofrem também os parceiros, que não entendem essa oscilação; os filhos, que muitas vezes presenciam uma irritação absurda, e claro, até os colegas de trabalho percebem as mudanças.
O problema é que ninguém — nem mesmo nós, mulheres — foi instruído a compreender essa fase. Isso é compreensível: o estudo da menopausa é recente para a ciência moderna. Ela começou a ser analisada de fato há pouco mais de um século, e a descoberta do estrogênio é ainda mais recente. Por muito tempo, a expectativa de vida feminina era curta, e a mulher só era considerada “funcional” durante a fase reprodutiva. O silêncio em torno do assunto criou um tabu que ainda hoje carrega véus de ignorância e incompreensão. Muitas mulheres chegaram a ser internadas como loucas em manicômios por não serem compreendidas e por não terem recursos para lidar com a perimenopausa — transição que pode começar até dez anos antes da menopausa propriamente dita.

Movimento, respiração e nutrição consciente: caminhos para acolher o corpo e a mente na menopausa (Foto: Envato)
Enquanto a ciência moderna ainda engatinha nesse estudo, tradições milenares já olhavam para a mulher como fonte de energia e sabedoria. No Ayurveda, a menopausa é vista como transição natural para a fase da sabedoria. Na Medicina Chinesa, o fluxo da energia vital muda de direção, convidando a mulher a cultivar mais serenidade e espiritualidade. No Taoismo e no Tantra, o corpo feminino pós-reprodutivo é celebrado como templo de intuição e poder criativo. Esses saberes ancestrais nos lembram que a menopausa não é uma perda, mas uma iniciação — a entrada em uma etapa em que a mulher pode viver sua potência plena.
Finalmente estamos retirando esses véus: entendendo que a mulher pós-reprodutiva não é menos funcional, mas um poço de intuição, sabedoria e força, com papel fundamental em um mundo que precisa dessa visão madura e integrada.
E é aqui que entra a beleza do renascimento. Quando os hormônios mudam, temos a chance de nos reinventar. O estrogênio pode até baixar, mas abre espaço para uma mente mais intuitiva. A progesterona pode se despedir, mas nos convida a criar nossos próprios rituais de calma. A testosterona, quando bem acolhida, nos devolve força e vitalidade. O corpo deixa de ser apenas fértil para os outros e passa a ser fértil para nós mesmas — fértil em criatividade, liberdade e intuição.
Foi nesse lugar de travessia que me conectei com meu propósito para criar o método HORMONIA. Não como fórmula mágica, mas como um caminho vivo e único para cada mulher, através do movimento, da respiração, da nutrição consciente e de protocolos emocionais que resgatam a presença e o prazer de estar em si mesma. Minha bagagem une a biomedicina, o Ayurveda, o yoga e a dança, além da experiência como administradora do centro de retiros Ashiyana Brasil, na Chapada dos Veadeiros, onde acompanho processos transformadores.
A menopausa não é o fim. É apenas o crepúsculo que anuncia uma nova estação. É como se a vida dissesse: “troque o salto por pés descalços, tire a máscara e dance do seu jeito.” É a segunda primavera: o momento de florescer não mais para corresponder às expectativas externas, mas para ser guia e porto seguro de si mesma.

A maturidade feminina como fonte de força, intuição e sabedoria para si e para o mundo (foto: Envato)
Uma mulher que dorme melhor sorri mais. Uma mulher que reencontra a libido tem mais vitalidade. Uma mulher que aprende a respirar transforma o seu DNA. Não é só química, é alquimia.
Quando uma mulher floresce, tudo ao seu redor floresce junto com ela.