A tragédia na condução das políticas públicas econômicas atuais está sendo o vetor do empobrecimento da população e do país. O atual líder do Poder Executivo, em promessas de campanha, disse em debate de TV aberta que o povo iria voltar a comer picanha e cervejinha. Porém, a promessa eleitoral sedutora (que apenas conquista quem gosta da facilidade auditiva, em vez de analisar indicadores econômicos), mais uma vez não foi cumprida — e a entrega está afetando os bolsos de nossas famílias.
Arrecada muito, gasta mal

Apesar da arrecadação bilionária, a má gestão dos recursos públicos compromete o equilíbrio fiscal e social (Foto: Adobe Stock)
Primeiramente, o principal fator de nossa malfadada economia tem relação direta com o desenfreado e abusivo uso do dinheiro público, descontrolado. A dívida pública atinge patamares jamais alcançados, há irresponsabilidade administrativa em nossas estatais, falta de critérios técnicos à frente das principais pastas ministeriais, sem contar nossos Poderes republicanos cada vez mais ousados e as viagens perdulárias que, em qualquer empresa privada, seriam vedadas. Foi divulgado, em abril de 2025, que o Governo Federal já arrecadou mais de 1 trilhão de reais. O problema está na gestão do recurso — em outras palavras, o dinheiro está sendo drenado ao ralo.
Quando a economia vira barganha política
O atual líder da Pasta — obviamente escolhido por critérios exclusivamente políticos — não tem qualquer formação em economia (em afronta ao currículo invejável de seu antecessor que, mesmo diante da maior pandemia da história da humanidade, segurou o Brasil, que se tornou um case internacional com suas políticas econômicas). Parece encapsulado em outra dimensão, e nada quer fazer para ajudar seu país. Tamanha sua incompetência que sequer será o nome escolhido para concorrer à sucessão presidencial pela esquerda.
A inflação como reflexo do desgoverno

Juros abusivos e incentivo ao crédito sem controle aprofundam o endividamento da população mais vulnerável (Foto: Adobe Stock)
Há ainda um descontrole inflacionário — que diminui o poder de compra da população — que só não descambou mais porque temos um Conselho do Banco Central (Copom) que, mesmo sob críticas, vem segurando a Selic, num flagrante “mal necessário”. Pesquisa divulgada em abril de 2025 pela Genial/Quest aponta que 81% dos brasileiros perderam poder de compra no governo Lula.
Do outro lado, bem enfraquecido da corda, sem musculatura, nem picanha ou cervejinha, estamos eu, você, leitora, e os cidadãos sobreviventes do caos. Para quem falta o recurso, sobra o empréstimo, com taxa média de 8% de juros mensais, ou um valor superior a 6% ao mês pelos bancos estatais. Isso tudo ainda é artificialmente incentivado pelo atual governo, já que, em recente entrevista, uma das ministras afirmou que, se faltar dinheiro, basta fazer um “empréstimo do Lula”. Ou seja, agora o governo faz “jabá” aos bancos, sem qualquer restrição, controle ou impedimento.
O retorno de uma velha armadilha
É importante relembrar que esse jogo sedutor de empréstimo aos menos favorecidos foi testado anteriormente por essa mesma turma da concentração de riquezas — e, em muitos casos, o saldo é sempre semelhante: o endividamento do pobre trabalhador. Quem não se lembra do FIES? Criado em meados de 1999, trata-se de um financiamento bancário para custeio do ensino superior. Não é surpresa que grande parte dos estudantes, após a conclusão do curso, estivesse com dívidas impagáveis, que só foram saldadas com a edição da MP 1091/21, convertida na Lei 14.375/22, que perdoou mais de 99% dos endividados.
Com esse histórico e os ingredientes atuais, não é difícil concluir que o “bolo” tem nome e bom fermento: o endividamento familiar, que cresce abruptamente nos lares brasileiros. Segundo dados revelados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgados em 5 de dezembro de 2024, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) apontou um recorde de 77% de famílias endividadas em 2024.
Saídas possíveis, ainda que paliativas

Câmaras de conciliação nos fóruns brasileiros possibilitam a renegociação de dívidas de forma legal e orientada (Foto: Adobe Stock)
Nesse contexto, algumas orientações reativas são urgentes: readequar o estilo de vida ao padrão econômico, cortar gastos e evitar o uso imoderado do crédito, que impacta negativamente o bolso do trabalhador.
No universo jurídico, a sugestão é a renegociação das dívidas com parcelamentos viáveis, garantidos pela Lei do Superendividamento (Lei 14.181/2021), aprovada no governo anterior. A lei alterou o Código de Defesa do Consumidor e o Estatuto do Idoso, criando mecanismos mais saudáveis e razoáveis para negociação de dívidas, além de promover educação financeira e combater a exclusão social de consumidores endividados.
Além disso, o Poder Judiciário conta com câmaras de solução de conflitos — os CEJUSCs, existentes na maioria dos fóruns do país —, que atuam na intermediação entre devedores e instituições financeiras.
Enquanto isso, é necessário cobrar das autoridades medidas urgentes, como:
- desestimular empréstimos consignados;
- exigir das instituições financeiras critérios mais transparentes para concessão de crédito e o fortalecimento da educação financeira, especialmente para idosos.
Outra alternativa é contar com profissionais especializados, capazes de fazer diagnósticos financeiros e propor reeducações personalizadas.
Uma conta que pesa além do bolso

As consequências do endividamento vão além das contas: provocam sofrimento psicológico e impacto na saúde pública (Foto: Adobe Stock)
Sem dúvida, como sociedade, precisamos refletir sobre esse cenário. É urgente buscar o equilíbrio entre consumo e saúde financeira familiar — e evitar a armadilha dos empréstimos com juros abusivos, que levam ao empobrecimento e provocam outras consequências graves: depressão, burnout, transtornos comportamentais e uma sobrecarga ao sistema de seguridade social. É ou não é uma irresponsabilidade governamental?