Beleza & Bem-Estar

A importância da alimentação no controle do estresse: causas, consequências e o papel da atividade física

Por
Lu Sandrini

10/26/2025

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Alimentação equilibrada e movimento regular ajudam a reduzir os efeitos do estresse e restabelecer o bem-estar físico e emocional (Foto: Envato)

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Como identificar os gatilhos do estresse e adotar estratégias de alimentação e movimento para recuperar equilíbrio e qualidade de vida

Sabe aqueles dias em que o mundo parece desabar? Para mim, que atendo pacientes há mais de duas décadas, o estresse é um vilão silencioso que todo mundo conhece, mas poucos conseguem domar. Ele surge como uma reação normal do corpo às pressões do dia a dia, liberando cortisol e adrenalina para nos preparar para o “ataque” ou “fuga”. Mas, quando vira rotina, bagunça tudo. Neste artigo, puxo pela experiência dos meus atendimentos para falar sobre as raízes desse processo, os estragos que ele causa e como uma boa alimentação, junto com suplementos adequados e atividade física, pode ser o antídoto para uma vida mais leve e equilibrada.

O que realmente acende o pavio do estresse?

Na correria dos atendimentos, vejo de tudo: sobrecarga no trabalho, contas apertadas, brigas em casa ou insegurança que corrói por dentro. Perdas grandes, como um emprego que vai embora ou a saudade de alguém que partiu, funcionam como bombas-relógio. No trabalho, prazos impossíveis e chefes exigentes são os culpados mais frequentes, especialmente para quem carrega o mundo nas costas. Mudanças na rotina, como uma reforma em casa ou até o isolamento social pós-pandemia, também somam pontos para o time do caos. No início, o estresse até ajuda a gente a se virar, mas, se ele se prolonga, desregula hormônios, bagunça o sono e mantém o corpo em alerta permanente.

Os baques do estresse: doenças que podem bater à porta

O pior é que o estresse não avisa quando ultrapassa o limite. Começa com coração acelerado, respiração curta, músculos travados e uma fadiga que não passa nem com café. Se ignorado, rouba o sono, azeda o humor e enfraquece as defesas do corpo, abrindo espaço para uma série de problemas sérios.

Na minha prática, já acompanhei pacientes que caíram em insônia crônica, acordando de madrugada com a mente acelerada. Outros mergulharam em ansiedade ou depressão, com o burnout virando regra — e não é exagero, os exames de cortisol elevado confirmam. No coração, ele inflama tudo, aumentando as chances de infarto, hipertensão ou arritmias. Há quem desenvolva compulsão por comida ou, ao contrário, evite se alimentar, prejudicando peso e energia. Também não são raros os casos de úlceras, constipação ou agravamento de doenças autoimunes, como artrite. Já vi, inclusive, o estresse acelerar sintomas de Alzheimer em familiares de pacientes. É um ciclo ruim, que cobra caro da saúde e do bolso.

Alimentação e suplementação

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Peixes ricos em ômega-3, frutas e folhas verdes atuam na regulação do cortisol e fortalecem o sistema nervoso (Foto: Envato)

Aqui é onde concentro meu foco: na clínica, oriento ajustes na alimentação como primeira linha de cuidado contra o estresse. Não é papo de moda, é ciência aliada à prática. Alimentos ricos em ômega-3, como salmão ou sardinha, reduzem inflamação e equilibram o cortisol. Folhas verdes, como espinafre e couve, cheias de magnésio e vitaminas do complexo B, ajudam na produção de serotonina, o neurotransmissor do bem-estar. Banana no lanche da tarde ou abacate no café da manhã são aliados valiosos: potássio e triptofano ajudam a relaxar músculos e melhorar o humor.

E os suplementos? Eles entram quando a dieta precisa de reforço. Magnésio glicinato para insônia, ômega-3 em cápsula para ansiedade ou vitamina D para quem passa o dia em escritórios fechados — tudo personalizado, claro, com base em exames. Lembro de uma paciente, executiva de 42 anos, exausta e irritada. Com a inclusão de sementes no dia a dia e o uso de ashwagandha (um adaptógeno que regula o estresse), ela recuperou energia para o trabalho e para a família. Evitar cafeína em excesso e doces processados é regra, pois só aumentam a tensão. Dietas como a mediterrânea, com iogurte natural e vegetais fermentados ricos em probióticos, fortalecem o intestino — o chamado “segundo cérebro” — e reduzem em até 30% o risco de depressão, segundo estudos que confirmo no consultório.

Movimentar o corpo: o parceiro perfeito da boa comida

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Exercício e boa alimentação formam um binômio essencial no controle do estresse e na prevenção de doenças crônicas (Foto: Envato)

Mas alimentação sozinha não faz milagre: precisa estar associada ao movimento. Exercícios liberam endorfinas, verdadeiros analgésicos naturais, que reduzem o cortisol e clareiam a mente. Recomendo caminhadas de 30 minutos, ioga ou boxe para iniciantes. Uma paciente, mãe de dois, trocou o sofá pela natação e viu a ansiedade diminuir enquanto o sono se restabelecia. Com 150 minutos semanais de atividade moderada, o corpo equilibra hormônios e constrói resiliência, aproveitando melhor nutrientes como ferro e zinco. Juntos, alimentação e exercício quebram o ciclo das compulsões e abrem espaço para escolhas mais saudáveis. O segredo é começar devagar, no próprio ritmo, e observar a transformação.

Fechando o capítulo: pequenas mudanças, grandes vitórias

Estresse vai existir, faz parte da vida, mas não precisamos ser reféns dele. Pela minha experiência com pacientes que conseguiram dar a volta por cima, uma alimentação equilibrada, suplementação adequada e atividade física formam um trio poderoso para combater as causas e reverter as consequências. Experimente começar com uma salada no almoço ou uma caminhada curta no quarteirão. Os benefícios aparecem rápido. Se o estresse já está pesado, busque ajuda profissional. No fim, saúde é o maior luxo que podemos nos permitir.