Viagem

Altitude em taça: por que Salta é a nova joia do enoturismo argentino

Por
Redação

7/22/2025

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Degustação ao ar livre em uma das vinícolas de Salta: experiência sensorial com rótulos locais sob a paisagem andina (Foto: Divulgação)

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Entre montanhas coloridas, cultura ancestral e rótulos premiados, a província no norte do país oferece uma rota de vinho fora do óbvio e acima dos 3 mil metros

Quem já percorreu as vinícolas de Mendoza pode pensar que conhece o melhor do vinho argentino. Mas há outro território, mais ao norte e bem mais alto, que tem atraído olhares atentos de enófilos e viajantes em busca de experiências autênticas: Salta. Com vinhedos entre 1.700 e 3.100 metros de altitude, a província desafia os padrões da vitivinicultura tradicional e oferece um percurso onde paisagem, história e sabor caminham juntos.

O chamado Caminho do Vinho cruza os Vales Calchaquíes, passando por cidades como Cachi, Molinos, San Carlos e Cafayate, e revela um mosaico de contrastes. De um lado, vinícolas de arquitetura contemporânea que produzem rótulos sofisticados com tecnologia de ponta. Do outro, povoados com forte identidade indígena e práticas ancestrais que ainda resistem ao tempo.

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Vinhedos de altitude em Cafayate, nos Vales Calchaquíes, cercados pelas montanhas áridas do norte argentino. Um terroir único que confere personalidade aos vinhos da região (Foto: Divulgação)

Mais do que uma rota para degustar bons vinhos, Salta propõe uma imersão sensorial. O ar seco e rarefeito das montanhas realça o perfume dos mostos; o solo pedregoso e o clima de grandes amplitudes térmicas conferem complexidade às uvas, especialmente à Torrontés, que encontrou nessa região sua melhor expressão. O resultado são vinhos aromáticos, frescos e premiados, que começam a disputar espaço com os ícones de Mendoza.

Entre os destaques do percurso estão bodegas como a Colomé, com vinhedos plantados a 3.111 metros, considerada uma das mais altas do mundo. Outras referências incluem Amalaya, Domingo Molina, Finca Las Nubes e El Esteco, todas com propostas de visitação que valorizam o entorno natural e a gastronomia local.

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Passeio a cavalo entre vinhedos de altitude em Molinos, com vista para a imensidão da cordilheira. Um modo tradicional e encantador de explorar o caminho do vinho (Foto: Divulgação)

E por falar em gastronomia: nos vales de Salta, ela não é coadjuvante. Restaurantes comandados por chefs jovens reinterpretam pratos regionais com ingredientes cultivados no próprio vale, em menus que combinam tradição andina com sofisticação contemporânea.

Para quem estende a viagem, uma parada obrigatória é a Quebrada de las Conchas, uma reserva natural com formações rochosas impressionantes como a Garganta do Diabo e o Anfiteatro. Ali, o relevo desenhado pelo tempo reforça a sensação de que tudo em Salta foi esculpido para provocar espanto.

À noite, a cidade de Cafayate acolhe os viajantes com uma rede hoteleira que alia conforto, silêncio e vistas inesquecíveis. É o tipo de lugar em que o luxo se mede pela possibilidade de brindar sob um céu sem poluição, cercado de vinhedos e silêncio.

Novos destinos na rota do vinho

Embora Salta ofereça uma experiência única, ela é parte de um cenário mais amplo. A Argentina se firma como potência do enoturismo, com regiões que vão muito além dos Malbecs de Mendoza. Na Patagônia, por exemplo, as baixas temperaturas favorecem uvas delicadas como o Pinot Noir, enquanto projetos inovadores ocupam áreas inóspitas com propostas ousadas.

Para os viajantes curiosos e de espírito explorador, o país vizinho revela uma verdadeira constelação de terroirs, cada um com sua altitude, sua luz, seus sabores. E Salta, lá no alto, é uma das estrelas mais promissoras desse mapa.