A azia, caracterizada por uma sensação de queimação no peito ou na garganta, é um problema digestivo comum que afeta milhões de pessoas. Embora muitas vezes seja tratada com medicamentos, abordagens naturais, como a mastigação adequada e mudanças no estilo de vida, podem oferecer soluções eficazes e sustentáveis. Este artigo explora a relação entre azia, mastigação, hábitos alimentares e os riscos associados ao uso prolongado de medicamentos.
O que é azia e por que ela ocorre?
A azia acontece quando o ácido estomacal reflui para o esôfago, tubo que não possui a mesma proteção contra o ácido que o estômago. Entre os fatores desencadeantes estão a alimentação inadequada, o estresse, o consumo excessivo de álcool ou alimentos inflamatórios e até mesmo a forma como comemos. Um ponto pouco discutido, mas essencial, é a mastigação inadequada, que pode agravar ou iniciar esse quadro.
Por que a mastigação é tão importante?

A mastigação adequada é o primeiro passo para uma digestão saudável e eficiente (Foto: Adobe Stock)
A mastigação é o primeiro passo da digestão e frequentemente negligenciado. Mastigar bem os alimentos facilita o processo digestivo, diminui a sobrecarga do estômago e reduz o risco de refluxo. Quando os alimentos são engolidos em pedaços grandes, o estômago precisa produzir mais ácido gástrico para quebrá-los, o que pode aumentar a pressão sobre o esfíncter esofágico inferior e facilitar o refluxo. Afinal, como lembra a autora, “o estômago não tem dentes”.
Além disso, a mastigação estimula a produção de saliva, rica em enzimas digestivas como a amilase, e ajuda a neutralizar o ácido no esôfago com seu pH levemente alcalino, o que também contribui para aliviar a queimação.
Como mastigar corretamente?
Algumas dicas simples ajudam a melhorar esse hábito:
- Coma devagar, mastigando cada porção entre 20 e 30 vezes;
- Coloque pequenas quantidades de alimento na boca;
- Atente-se à textura e transforme os alimentos em pasta antes de engolir;
- Evite distrações como TV ou celular durante a refeição;
- Use os dois lados da boca, promovendo uma mastigação uniforme.
E os líquidos durante as refeições?
Beber grandes quantidades de líquidos nas refeições pode diluir os sucos gástricos e aumentar o volume no estômago, favorecendo o refluxo. A recomendação é moderar o consumo e preferir pequenos goles de água em temperatura ambiente, priorizando a hidratação fora dos horários de refeição.
Alimentos inflamatórios e álcool
O álcool é um dos principais vilões da azia, pois relaxa o esfíncter esofágico inferior e irrita a mucosa do estômago. O consumo de cerveja, vinho e destilados deve ser evitado ou controlado por quem sofre com o problema. Alimentos inflamatórios como frituras, ultraprocessados, açúcar refinado, cafeína em excesso, chocolate, cítricos e temperos picantes também agravam a situação. Substituí-los por vegetais folhosos, grãos integrais, gengibre e azeite extravirgem pode fazer toda a diferença.

Substituir alimentos inflamatórios por opções naturais ajuda a prevenir crises de azia (Foto: Adobe Stock)
A mecânica da mastigação e a saúde bucal
Mastigar envolve a coordenação entre músculos, dentes e sistema nervoso. Dentes desalinhados, bruxismo ou ausência dentária podem comprometer essa função, aumentando o risco de azia. Nestes casos, é fundamental procurar orientação odontológica.
Estratégias naturais para tratar a azia
Além de mastigar bem, outras atitudes podem ajudar a prevenir ou aliviar a azia:
- Elevar a cabeceira da cama em cerca de 15 cm;
- Esperar de 2 a 3 horas para deitar após as refeições;
- Controlar o estresse com meditação, yoga ou respiração profunda;
- Consumir alimentos alcalinos como banana, melão e chá de camomila;
- Manter um peso saudável;
- Evitar roupas apertadas que pressionem o abdômen.

Controlar o estresse é uma estratégia essencial no alívio dos sintomas digestivos (Foto: Adobe Stock)
O uso prolongado de medicamentos
O uso contínuo de medicamentos como omeprazol (IBPs) e antiácidos pode causar deficiência de nutrientes como cálcio, magnésio e vitamina B12, elevando o risco de osteoporose, anemia e alterações no microbioma intestinal. A interrupção repentina desses medicamentos também pode provocar efeito rebote, com aumento da acidez. Além disso, mascaram sintomas de problemas mais graves, como infecção por Helicobacter pylori ou úlceras.
Quando a azia não é tratada
A azia crônica pode evoluir para condições sérias, como esofagite, esôfago de Barrett e até câncer de esôfago. Tosse crônica, dor torácica, rouquidão e dificuldade para engolir também estão entre os sintomas que comprometem a qualidade de vida.
A azia é um alerta do corpo. Mastigar bem, alimentar-se com atenção e adotar hábitos saudáveis são formas simples e poderosas de prevenir esse desconforto. Reduzir a dependência de medicamentos, ao mesmo tempo em que se melhora a digestão, é uma escolha de cuidado e consciência com a própria saúde.