Comportamento

Primavera interna: o florescer das emoções e da esperança

Por
Marta Castro Luzbel

10/27/2025

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A primavera interna floresce quando acolhemos nossas emoções com gentileza (Foto: Envato)

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Estação das flores inspira reflexões sobre renascimento, vulnerabilidade e o poder coletivo das mulheres

As estações que acontecem fora de nós, de alguma forma acontecem também dentro de nós. A primavera, por exemplo, estação das flores, é também metáfora de renascimento, esperança e renovação das pessoas, após períodos de recolhimento. E essa metáfora ganha contornos ainda mais especiais na vida das mulheres.

Cada mulher conhece, de maneira íntima, os seus invernos. Quantas de nós já atravessamos luto, separação, transição de carreira ou menopausa? Quantas de nós tivemos nossas fases de silêncio, dor ou exaustão? Em cada uma delas, parecia impossível renascer. Mas quando a vida se torna cinza ou fria demais, como na natureza, há sempre um trabalho invisível acontecendo: raízes se fortalecendo e sementes se preparando para romper a terra.

Nós, mulheres, somos educadas para resistir, sustentar, cuidar, muitas vezes sem espaço para a vulnerabilidade. Mas nossa primavera interna insiste em pedir o oposto: suavidade, abertura, entrega. E assim, deixamos cair folhas secas das antigas crenças, das relações que já não nutrem, dos padrões que já não fazem sentido, para abrir caminho para um novo florescer.

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Quando uma mulher floresce, muitas outras florescem junto (Foto: Envato)

Esse florescer é também coletivo. Quando uma mulher se permite renascer, abre espaço para que outras desabrochem. A sororidade é o solo fértil da primavera: redes de apoio, escutas generosas, gestos de cuidado. Sozinhas, podemos até ser flor, mas juntas criamos jardins.

Quando nos permitimos sentir, algo em nós começa a brotar de novo. A primavera emocional mostra que, mesmo em meio à dor, podemos reencontrar desejo, coragem e esperança.

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A esperança tem perfume de primavera (Foto: Envato)

Leslie Greenberg, criador da Terapia Focada nas Emoções, nos ajuda a compreender esse processo. Para ele, as emoções são bússolas internas que revelam necessidades e valores. Quando reconhecidas, nos guiam para novas escolhas. A tristeza pede reflexão e acolhimento. O medo mostra limites. A raiva indica fronteiras que merecem respeito. A alegria celebra a vida que insiste em pulsar. Negar ou silenciar essas emoções é como impedir que o solo seja adubado. Permitir senti-las é abrir espaço para que a vida possa germinar.

Assim, a primavera nos lembra: o renascimento não é só possível, é inevitável. A vida sempre encontra passagem. Que possamos acolher nossas emoções como sementes e permitir que elas se transformem em flores.