O Setembro Amarelo é um chamado para olharmos com mais atenção para algo que, muitas vezes, permanece escondido: a dor silenciosa. Algumas pessoas sorriem, trabalham, cumprem seus papéis sociais, mas por dentro carregam uma tristeza imensa. O fato de não percebermos não significa que essa dor não exista.
No Brasil, embora o número de suicídios seja maior entre os homens, ele também é elevado entre as mulheres: 5,4 em cada 100 mil morrem por suicídio, que já figura entre as principais causas de morte de adolescentes e jovens adultas.
Por trás desses números, estão histórias atravessadas por fatores que pesam ainda mais sobre as mulheres: violência doméstica e de gênero, sobrecarga com o cuidado da família, desigualdade salarial, jornadas duplas e triplas de trabalho, além das cobranças sociais sobre aparência, sucesso e perfeição. Tudo isso corrói a autoestima e amplia o risco de sofrimento psíquico.
É fundamental desconstruir mitos: não se trata de falta do que fazer, nem de preguiça, nem de ingratidão pelo que a vida oferece. A dor emocional não segue lógica externa, cresce por dentro e, muitas vezes, não é percebida a tempo.

Acolhimento e rede de apoio fazem diferença na vida de quem enfrenta dor emocional (Foto: Envato)
Se a realidade é dura, a mensagem que precisa prevalecer é a de esperança. O suicídio pode ser prevenido. O acolhimento, a escuta sem julgamento e a rede de apoio fazem diferença. Pedir ajuda não é fraqueza, é coragem. E oferecer presença antes de soluções é um gesto que pode salvar.
Setembro Amarelo também é um convite à sororidade. A Sociedade Brasileira de Psiquiatria disponibiliza gratuitamente, em seu site, a cartilha Informando para Prevenir. Que possamos buscar informações de qualidade e estar mais atentas umas às outras, oferecendo apoio e quebrando silêncios. Uma palavra, uma mensagem, um gesto simples podem se tornar um fio de vida.

Um gesto simples, como um abraço, pode se tornar um fio de vida (Foto: Envato)
Juntas, mais do que sobreviver, podemos nos lembrar de quem realmente somos: mulheres que cuidam, que resistem e que fortalecem umas às outras.
Se você está passando por um momento difícil, lembre-se: você não está sozinha. O CVV atende gratuitamente pelo 188, 24 horas por dia. Todas nós podemos e devemos ser parte da rede de cuidado umas das outras.