"Mulheres e crianças podem ser descuidadas. Os homens, não."
— Don Vito Corleone, O Poderoso Chefão
Essa frase, dita por um dos personagens mais marcantes do cinema, resume um pensamento antigo, mas que ainda provoca reflexões atuais. E não, não se trata de defender padrões opressores, mas de entender que há uma diferença clara entre vulnerabilidade e fraqueza.
Um trecho do poema O medo no coração de um homem, do rapper Tupac, exemplifica bem essa distinção:
_"Diante de um agressor,
Eu me posiciono com coragem,
Porque meu coração não sente medo de nenhum homem.
Mas diante de um coração partido,
Eu fujo apavorado
Com medo de ficar cego
Numa noite vulnerável.”_
Ser vulnerável é humano. É reconhecer medos, chorar quando dói, admitir que precisa de ajuda. Já ser fraco é diferente: é fugir das responsabilidades, se esconder na zona de conforto, deixar para o outro o peso de decidir, conduzir, sustentar.

Entre o silêncio e a força, existe espaço para a honestidade. Vulnerabilidade não é fraqueza, é coragem (Foto: Envato)
Onde erramos? Na criação dos meninos. Muitos crescem mimados, protegidos de tudo, sem exigência de utilidade, sem estímulo para desenvolver força emocional, sem cobrança de postura. Resultado: uma geração superprotegida, um exército de adultos despreparados, infantis, que esperam das parceiras o colo que a mãe dava. Cresceram, mas não amadureceram.
Hoje tudo se resume à tal “masculinidade tóxica”, expressão que, sinceramente, eu detesto. Porque ela nivela por baixo, como se todo homem que assume sua posição fosse um vilão em potencial. Mas não precisamos acabar com a masculinidade. Precisamos resgatar uma masculinidade sadia: a que protege, a que provê (e não estou falando só de dinheiro), a que resolve, a que passa segurança.
Homem tem que saber usar uma furadeira! (E, particularmente, é extremamente excitante e exala testosterona.) Mas, se não sabe usar? Tudo bem. Mas ele precisa se mover para resolver. Quem não resolve, sobrecarrega. E quem sobrecarrega, um dia perde.
No Nordeste, conhecemos bem a expressão “cabra macho”. Os homens são cobrados desde cedo a serem duros, resistentes, brutos. Essa pressão tem seus efeitos. Mas sabe o que mais tem? Mulher que, sem escolha, virou “cabra macho” também. A forte. A que resolve. A que sustenta. Mas por trás da guerreira, quase sempre, há uma mulher esgotada.

Por trás da “mulher forte”, muitas vezes há alguém cansada de carregar tudo e todos (Foto: Envato)
E hoje, vemos homens que não fazem nem o básico. Vivi isso. Sentei para tomar um açaí com um cara e ele fez questão de avisar: “cada um paga o seu, viu?”. A conta não era o problema. Era o recado: “não espere nada de mim”. E realmente, não esperei. Jamais houve segundo encontro.
O erro está em achar que o mínimo basta. Em tratar gentileza como virtude rara, quando deveria ser o ponto de partida. Em não querer aprender, oferecer, somar.
Sim, nós mulheres sabemos que damos conta de tudo. Mas estamos cansadas.
Não queremos mais ser o porto, a casa, o farol, a lanterna, o barco e ainda remar.
Queremos um parceiro. E não mais um fardo.
Seja homem. Se mexa.