Cultura

Você sabe por que o Brasil comemora o amor em junho?

Por
Redação

7/22/2025

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Campanhas publicitárias ajudaram a consolidar o 12 de junho como data oficial do amor no Brasil (foto; Canva)

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Diferente do resto do mundo, o Dia dos Namorados no Brasil foi criado por um publicitário nos anos 1940 e ganhou força com a devoção popular a Santo Antônio. Uma história onde fé, consumo e afeto se misturam

Enquanto boa parte do mundo celebra o amor em 14 de fevereiro, embalado por cartões com corações vermelhos e referências a São Valentim, o Brasil guarda uma peculiaridade pouco conhecida: o Dia dos Namorados aqui não tem origem religiosa. A data, comemorada em 12 de junho, nasceu de uma ideia publicitária, misturou-se à devoção popular por Santo Antônio e transformou-se, ao longo das décadas, em um dos momentos mais comerciais do nosso calendário.

A história começa em 1949, quando o publicitário João Doria (pai do ex-governador de São Paulo) foi contratado por uma loja que precisava impulsionar as vendas de junho, tradicionalmente um mês fraco para o comércio. Inspirado pelo Valentine’s Day e pelas festas juninas, Doria escolheu a véspera do dia de Santo Antônio, celebrado em 13 de junho, para lançar a campanha “Não é só com beijos que se prova o amor”. A ideia era clara: transformar o amor em motivo de consumo. E funcionou.

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No Brasil, a devoção a Santo Antônio foi incorporada à data como símbolo do desejo por um amor duradouro (Foto: Shutterstock)

Santo Antônio, por sua vez, já era chamado de “santo casamenteiro” no imaginário popular brasileiro. De origem portuguesa, o frade franciscano ganhou essa fama por conta dos relatos de milagres envolvendo casamentos e reconciliações amorosas. Com o tempo, a devoção ao santo se misturou à data comercial e os rituais para arrumar namorado ganharam espaço ao lado dos corações de pelúcia nas vitrines.

Longe de ser apenas mais uma adaptação tropicalizada de uma tradição europeia, o Dia dos Namorados brasileiro é um reflexo da nossa criatividade cultural: uma data criada pela publicidade, abençoada pelo sincretismo popular e consolidada pelo afeto. Entre o marketing e a devoção, o que permanece é o desejo de celebrar o amor.

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Entre o marketing e a fé, o que permanece é o desejo de celebrar o amor — à sua própria maneira (Foto: Canva)

Hoje, talvez valha mais perguntar o que realmente se comemora no Dia dos Namorados: o romance, o desejo, o consumo, a companhia ou a esperança. E como quase tudo no Brasil, a resposta pode ser “todas as anteriores”.