Celebrado sempre na primeira segunda-feira de outubro, o Dia Mundial da Arquitetura nasceu em 1985, quando a União Internacional dos Arquitetos decidiu criar uma data para aproximar a profissão dos debates globais. Neste ano, a segunda-feira, 6 de outubro, chega com uma palavra de ordem: força.
O lema oficial, Design for Strength, pede que arquitetos e urbanistas olhem para além da estética e da técnica. A ideia é pensar em cidades e construções capazes de enfrentar extremos, resistir a crises e, sobretudo, se reconstruir. Força aqui não é rigidez, mas resiliência, continuidade, equidade.

Vista da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, em cartaz na Oca - 9ªBIAsp. (Foto © Rafael Schmidt. IABsp Divulgação)
No Brasil, o debate encontra eco na 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, em cartaz no Pavilhão da Oca até 19 de outubro. Com o título “Extremes: Architectures for an Overheated Planet”, a mostra chama atenção para o impacto do calor excessivo, das enchentes e das emergências ambientais na vida urbana. É uma curadoria que conversa diretamente com a proposta da UIA, trazendo exemplos concretos de adaptação.

O Grand Ring, de Sou Fujimoto, estrutura central da Expo 2025 Osaka e considerada a maior construção em madeira do mundo (Foto: © Expo 2025 , OBAYASHI CORPORATION Co., Ltd, photo by shinwa Co., Ltd)
Do outro lado do mundo, o Japão também está com os olhos voltados para o futuro. A Expo 2025 Osaka, aberta até 13 de outubro, reúne 80 pavilhões e projetos experimentais. O destaque é o Grand Ring, assinado por Sou Fujimoto, que já entrou para os recordes como a maior estrutura de madeira do mundo. O anel monumental, inspirado em técnicas tradicionais japonesas, prova que materiais ancestrais podem ter papel central na arquitetura de amanhã.
Na Europa, a reflexão segue outro caminho. A Bienal de Arquitetura de Copenhague, realizada entre setembro e outubro, propõe o tema “Slow Down”. Em vez de força como monumentalidade, a leitura é de resistência pelo tempo: desacelerar, reutilizar, reduzir impacto, valorizar processos mais humanos.
A data também ganha um tom de homenagem neste ano com a morte de Kongjian Yu (1963–2025), arquiteto e paisagista chinês que faleceu em setembro no Brasil em um acidente de avião. Professor da Universidade de Pequim e fundador do escritório Turenscape, ele foi responsável por difundir o conceito de “cidades-esponja”, modelo de urbanismo sustentável que integra natureza, infraestrutura e reuso da água da chuva para mitigar enchentes. Seu legado, voltado à resiliência urbana e à convivência equilibrada com o ambiente, dialoga diretamente com o lema de 2025: Design for Strength.
Três visões distintas, mas que se cruzam no mesmo dia 6 de outubro. O Dia Mundial da Arquitetura de 2025 mostra que a profissão está em um ponto de virada. Entre extremos, desacelerações e novos materiais, a arquitetura é chamada a ser mais do que forma: é instrumento de continuidade para sociedades em crise climática e social.