Dar feedback ao chefe ainda é considerado um tabu em muitas empresas. O receio de retaliações, mal-entendidos ou prejuízos à relação profissional leva muitos colaboradores a silenciar opiniões que poderiam ser valiosas para a equipe e para o próprio líder. No entanto, especialistas em desenvolvimento de lideranças destacam que esse tipo de conversa é não apenas possível, como também saudável para a cultura organizacional.
Segundo a especialista em desenvolvimento de equipes e lideranças Bianca Aichinger, com mais de 20 anos de experiência no mundo corporativo, o primeiro passo é a criação de espaços seguros para diálogo. “Sem essa permissão explícita da liderança, dificilmente a troca acontecerá. A escuta ativa e a abertura do líder são fundamentais para um ambiente mais transparente e colaborativo”, aponta.

Preparar-se com exemplos concretos e objetivos ajuda a tornar o feedback mais claro e produtivo (Foto: Envato)
Ainda que exista abertura, o colaborador precisa se preparar bem para dar o feedback. Isso significa trazer fatos concretos, evitar julgamentos, escolher o momento adequado e adotar um tom de empatia e respeito. Expressões como “gostaria de compartilhar uma percepção” ou “tenho uma sugestão que pode nos ajudar” podem tornar a conversa mais colaborativa e menos defensiva.
Outro ponto importante é reconhecer as pressões e desafios que fazem parte do papel de liderança. Demonstrar empatia humaniza a relação e aumenta a chance de que o chefe receba o comentário de forma positiva. O timing também é crucial: o encerramento de projetos ou reuniões de desenvolvimento são oportunidades mais apropriadas do que momentos de crise ou forte estresse.

A escuta ativa é essencial para que o feedback seja recebido como colaboração, e não como crítica (Foto: Envato)
De acordo com Bianca, quando o feedback se torna parte da cultura organizacional, todos saem ganhando. Líderes conquistam maior clareza sobre o impacto de suas ações, fortalecem sua comunicação e ampliam a confiança com a equipe. Para os times, a troca constante contribui para um ambiente mais seguro e engajado, no qual todos se sentem corresponsáveis pelo desenvolvimento coletivo.
Uma prática recomendada é adotar rituais de feedback mútuo, fora dos ciclos formais de avaliação, em reuniões recorrentes ou revisões de projeto. Modelos de feedback 360, em que todos contribuem com percepções sobre todos, podem enriquecer ainda mais o processo.
Em um cenário de transformações constantes no mundo do trabalho, enfrentar esse tabu com preparo, empatia e estratégia pode ser decisivo para fortalecer relações profissionais e impulsionar resultados.