Dormir mal, sentir ansiedade ao acordar e passar mais tempo diante das telas do que com pessoas próximas são sinais cada vez mais comuns na rotina digital. Em meio a essa hiperconexão, cresce o movimento de quem busca o prazer de se desconectar, o chamado Joy of Logging Off, tendência que incentiva pausas conscientes do ambiente online para recuperar a atenção, o foco e a calma.
A ideia não é rejeitar a tecnologia, mas encontrar um novo ritmo de relação com ela. Estudos recentes mostram que essa necessidade é coletiva: quase metade dos brasileiros (45%) percebe efeitos negativos das redes sociais em sua saúde mental, segundo levantamento nacional realizado em 2024. Entre os jovens, o percentual é ainda maior.

Desconectar-se das telas é também uma forma de reconectar-se com o outro (Foto: Envato)
O desafio, segundo especialistas em comportamento e saúde emocional, é criar uma rotina que preserve o tempo de presença, aquele que não depende de notificações, curtidas ou telas. Pequenas mudanças de hábito podem ajudar a reduzir a sobrecarga mental e favorecer o bem-estar.
Entre as recomendações apontadas pela equipe técnica do Instituto Cactus, organização dedicada à promoção da saúde mental, estão quatro estratégias simples de desconexão:
1. Reencontrar o corpo
Atividades físicas e de lazer — especialmente ao ar livre — reduzem o estresse, elevam a autoestima e compensam o tempo excessivo diante das telas.
2. Investir em criatividade
Hobbies como leitura, pintura, jardinagem ou voluntariado estimulam o foco e diminuem a necessidade de validação digital.
3. Estabelecer limites
Definir horários sem celular, usar aplicativos de controle de tempo e evitar o uso de telas antes de dormir são práticas que favorecem o descanso mental.
4. Desconectar sem se isolar
Pausas digitais devem vir acompanhadas de vínculos reais. Encontrar amigos, conversar por telefone e manter contato presencial são formas de equilibrar a ausência online com presença afetiva.

Momentos offline podem transformar a rotina em um espaço de descanso e presença (Foto: Envato)
Para a diretora-presidente do Instituto Cactus, Maria Fernanda Quartiero, refletir sobre a saúde mental vai além de escolhas individuais. “Desconectar-se é um gesto importante, mas precisamos compreender que o cuidado emocional é também uma questão coletiva, que exige políticas públicas e espaços de acolhimento”, afirma.
Mais do que sair das redes, o movimento de desconexão propõe um retorno à atenção plena: estar onde se está e, por alguns instantes, apenas isso.


